Pular para o conteúdo principal

Notre Dame de Paris, o musical!

Para quem não conhece, posso afirmar que vale muito a pena escutar (CD) e assistir (DVD) o musical franco-canadense "Notre Dame de Paris", d´après l´oeuvre (baseado na obra) de Victor Hugo, o grande escritor francês, publicada em 1831.


Sobre a obra

Posteriormente conhecida como "O Corcunda de Notre Dame", a obra veio a público originalmente com o título de "Notre-Dame de Paris", mas não se centrava na personagem que a eternizou, uma vez que só quando foi traduzida para a língua inglesa, em 1833, este nome apareceu no título.

Em sua origem, constituía-se em um romance histórico, voltado para o público adulto, com o intuito de conscientizá-lo para a necessidade de se conservar a Catedral de Notre-Dame.

Na obra, Victor Hugo não se limita a descrever apenas a antiga catedral, mas ilustra historicamente a sociedade da Paris medieval, e os contrastes dos seus personagens, desde os pedintes e ciganos ao rei e à nobreza.

Victor Hugo (1802-1885)

A história passa-se em 1482, em Paris, a capital de França. A ação desenrola-se dentro e em torno da Catedral de Notre-Dame, na Île de la Cité, no meio do rio Sena. Aqui estavam situadas os dois grandes monumentos da cidade à época: a Catedral e o Palácio da Justiça, o que centralizava, na ilha, a religião e o governo de Paris.

A Catedral, construída em 1330, era a principal igreja de Paris. Além de importante local de oração, aceitava órfãos e pessoas que ali procuravam refúgio da lei.
Catedral Notre-Dame de Paris
As personagens da história provêm de todas as camadas sociais existentes em Paris na Idade Média: membros do clero e fidalgos cruzavam-se com ciganos e mendigos nas ruas da Île de la Cité. Luís XI de França era o soberano à época, e costumava assistir diariamente à missa na Catedral.

Paris não possuía uma força policial. Oficiais da guarda pessoal do rei e grupos de fidalgos patrulhavam as ruas para manterem a ordem. Havia então em Paris muitos pobres e sem-abrigo. Alguns destes proscritos eram pedintes, ciganos, pessoas com deficiências, doentes e ladrões. Estes elementos eram percebidos pela sociedade como uma ameaça. O povo cigano era nómada e viajava de cidade em cidade. Alguns ganhavam a vida exibindo-se nas ruas da cidade.
Ilustração para a primeira edição de "Notre Dame de Paris".

Sinopse

Em Paris do século XV, uma jovem e orgulhosa cigana, chamada Esmeralda, dança na praça da Catedral de Notre Dame. Sua beleza transtorna o arquidiácono Claude Frollo, que, perturbado pela beleza da moça e querendo afastar-se dessa tentação, ordena que seu sineiro, o disforme Quasímodo, rapte a moça. Esmeralda é salva por um grupo de arqueiros, comandado pelo capitão da guarda Phoebus de Châteaupers. Quando a cigana reencontra Phoebus, alguns dias mais tarde, ela demonstra todo o amor que passou a dedicar-lhe. Apesar de comprometido com a jovem Fleur-de-Lys (em em português: "Flor de Lis"), Phoebus fica seduzido pela cigana. Ele marca um encontro com ela em um local fechado mas, quando está chegando a seu objetivo, Frollo aparece e o apunhala.

Acusada de assassinato, a Bela Esmeralda não aceita, para escapar do suplício, se entregar a Frollo. Quando é levada ao átrio da catedral para receber a sua sentença de morte, Quasímodo - que também a ama, porém de forma desinteressada - se apossa dela e a leva para dentro da igreja, onde a lei de abrigo a torna protegida. Quasimodo passa a noite tratando dela.

No entanto, os vagabundos com quem Esmeralda vive vêm libertá-la. Frollo aproveita-se do tumulto formado para levá-la com ele e tenta seduzi-la. Furioso com sua recusa, ele a entrega às garras de uma velha reclusa do "buraco dos ratos", uma eremita enterrada por sua vontade nesse buraco no chão e considerada louca. Porém, ao invés de despedaçar Esmeralda, a velha reconhece na cigana sua própria filha e a poupa. Esmeralda não consegue desfrutar de uma paz muito longa; logo em seguida, os guardas da cidade a encontram e ela é encaminhada novamente para a sua execução, na praça da catedral.

Do alto da Igreja de Nossa Senhora, Quasímodo e Frollo assistem à execução. Quasímodo, louco de desespero, atira o padre do alto da torre e desaparece para sempre. Muito tempo depois, ao ser aberto o ossário de Montfaucon, são encontrados dois esqueletos abraçados; um deles, com uma visível deformação da espinha.


Sobre o musical

Composto por Riccardo Cocciante (música) e Luc Plamondon (letra), estreou em 1998 em Paris. As músicas e interpretações são fantásticas. O álbum original francês tinha a participação brilhante da cantora israelita Achinoam Nini (também conhecida como "Noa") no papel de Esmeralda. Tem no CD. Ela faz a diferença, porque além da voz e beleza, tem feeling. Já vi outras interpretações, mas nenhuma outra "Esmeralda" se compara à dela.


Bom, chega de papo... diminua a luz, relaxe e viaje na música e na história. Com vocês: Notre Dame de Paris!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As letras de "Fascinação"

Quem não é fascinado pela canção "Fascinação" (título original "Fascination"). "Fascination" é uma valsa popular, com melodia composta em 1904 por Fermo Dante Marchetti e letra escrita em 1905 por Maurice de Féraudy em francês (letra em inglês de Dick Manning). Foi lançada em 1932. A versão da letra em português que todos nós conhecemos foi escrita em 1943 por Carlos Galhardo e gravada sublimemente pela Elis Regina em seu álbum Falso Brilhante (1976). A versão original da letra em francês é pouquísimo conhecida aqui no Brasil, e no mundo bem menos que a versão em inglês. Escutem-na abaixo com Daniel Plaisir (este nunca tinha tido o "plaisir" de conhecer!): Daniel Plaisir cantando a letra original em francês "Je t’ai reencontrée simplement,  Et tu n’as rien fait pour chercher à me plaire . Je t’aime pourtant, D’un amour ardent, Dont rien, je le sens, ne pourra me défaire. Tu seras toujours mon amante Et je crois à toi comme au b...

As três versões de "O que será" do Chico Buarque

Umas das obras primas do gênio Chico Buarque de Holanda, a música " O que será ", possui três versões, cada uma mais linda que a outra. Você sabia? Lembrava? As três versões são: - Abertura - À flor da pele - À flor da terra Compostas em 1976, foram interpretadas espetacularmente pelas vozes do próprio Chico, Milton Nascimento e Simone, essa cantando como sempre, transbordando sentimento. Abertura E todos os meus nervos estão a rogar E todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo   O que será que lhe dá O que será meu nego, será que lhe dá Que não lhe dá sossego, será que lhe dá Será que o meu chamego quer me judiar Será que isso são horas de ele vadiar Será que passa fora o resto do dia Será que foi-se embora em má companhia Será que essa criança quer me agoniar Será que não se cansa de desafiar O qu...

60 anos de 64

Neste ano de 2024 assisti e escutei inúmeros vídeos e podcasts sobre a história do golpe militar de 1964 e o período de ditadura que perdurou por 21 anos em nosso país. Vi tanta coisa impressionante, incrível e emocionante que pensei em compartilhar aqui alguns dos conteúdos que vi sobre esse tema, para reforçar essa memória terrível e que nunca mais aconteça novamente. Podcasts Eu só disse o meu nome Em 1973 o estudante Alexandre Vannucchi Leme foi preso pela ditadura militar e levado à sede do DOI-CODI. Em 2024, o retrato de Alexandre estampa os muros da USP e os jornais do movimento estudantil. O que aconteceu entre a prisão de Alexandre e hoje? Como um estudante franzino de Sorocaba se tornou o símbolo de um dos piores momentos dos anos de chumbo e apontou o caminho da luta pela redemocratização? Uma iniciativa do Instituto Vladimir Herzog produzida pela NAV Reportagens e apresentada por Camilo Vannucchi. Vala de Perus Em um buraco escavado nos fundos de um cemitério público, munic...