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Ednardo do maracatu

Pavão Mysteriozo e Longarinas, duas obras primas de Ednardo, compositor e músico cearense (1945) possuem arranjos com a linda batida do maracatu. Lindo ritmo embalando lindas canções com lindas letras. Combinação perfeita!

Pavão Mysteriozo
 
Pavão Mysteriozo, do álbum "O Romance do Pavão Mysteriozo" de 1974, teve grande projeção como tema da novela "Saramandaia" (1976). Foi inspirada no romance de cordel intitulado "O Romance do Pavão Misterioso", que continha críticas veladas ao governo militar. A música é considerada sagrada pelos índios do Xingu nos rituais religiosos. Tem regravações na Europa orquestrada por Paul Mauriat, por grupos chilenos (Inti-Aymará e Nacha), por Elba Ramalho, Ney Matogrosso, por bandas de rock e maracatu, além de outros. Começa com um berimbau mas logo entra o batuque do maracatu.


Capa e contracapa do disco "O Romance do Pavão Mysteriozo"
 
Cordel

 
 
Letra
 
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Nessa cauda
Aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda
Quero olhar...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse seu voar
Ai se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história
Eu tinha prá contar...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda, cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh!
Que não é certo não...
Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar...

Longarinas

Já as "...longarinas da ponte velha que ainda não caiu..." são o tema da canção "Longarinas", lindíssima e que faz parte do também lindíssimo álbum "O Berro" de 1976.

Capa do disco "O Berro"
 

 
Letra
 
"Faz muito tempo
Que eu não vejo
O verde daquele mar quebrar
Nas longarinas da ponte velha
Que ainda não caiu
Faz muito tempo
Que eu não vejo
O branco da espuma espirrar
Naquelas pedras com a sua eterna
Briga com o mar.
Uma a uma, coisas vão sumindo.
Uma a uma, se desmilinguindo
Só eu e a ponte velha teimam resistindo
E a nova jangada de vela
Pintada de verde e encarnado
Só meu mote não muda a moda não muda nada...
E o mar engolindo lindo,
Antiga praia de iracema
E os olhos verdes da menina
Lendo o meu mais novo poema
E a lua viu desconfiada
A noiva do sol com mais
Um supermercado
Era uma vez meu castelo
Entre mangueiras
E jasmins florados.
E o mar engolindo lindo,
E o mal engolindo rindo.
Beira-mar, beira-mar.
Êeee, maninha,
Arma aquela rende branca
Que eu tô chegando agora..."
 

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