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Doses de Poesia Musicada VII

"...
Quando o verde dos teus óio
Se espaiar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração"
(Asa branca - Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira)



"Eu fico com a pureza
 Da resposta das crianças
 É a vida, é bonita
 E é bonita
Viver
 E não ter a vergonha
 De ser feliz
 Cantar e cantar e cantar
 A beleza de ser
 Um eterno aprendiz..."
 (O que é o que é - Gonzaguinha)


"Na beira mar
Entre luzes que lhe escondem
Só sorrisos me respondem
Que eu me perco de você
Que eu me perco de você
Você nem viu
A lua cheia que eu guardei
A lua cheia que eu esperei
Você nem viu, você nem viu
Você nem viu, você nem viu
...
E um gosto de você que foi ficando
E a noite, enfim, findando
Igual a todas as demais
E nada mais
E nada mais..."
(Beira mar - Ednardo)


"Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cór
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar
Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra lhe dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração"
(Retrato em branco e preto - Tom Jobim, Chico Buarque)


"Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor meu senhor
Nos braços de um tipo um qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontra-los braços
Que nem um pedaço do meu pode ser
Há pessoas com os nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhes venha qualquer reação
Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, despeito, amizade ou horror
Eu so sinto que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor..."
(Nervos de aço - Lupicínio Rodrigues)


"Momentos são
iguais a aqueles
em que eu te amei.
Palavras são
iguais a aquelas
que eu te dediquei.
Eu escrevi na fria areia
um nome para amar.
O mar chegou,
tudo apagou.
Palavras leva o mar...
Teu coração,
praia distante
em meu perdido olhar;
Meu coração,
mais inconstante
que a incerteza do mar!
Teu castelo de carinhos
eu nem pude terminar...
Momentos meus
que foram teus,
agora é recordar"
(Nossos momentos - Haroldo Barbosa, Luís Reis)


"Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto do mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra do povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito um ai
Casas esquecidas viúvas nos portais"
(Ponta de areia - Milton Nascimento, Fernando Brant)


"Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão"
(Oriente - Gilberto Gil)


"Eu estou apaixonado
Por uma menina terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
Terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia...

Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?..."
(Terra - Caetano Veloso)

"Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra propícia estação
E fecundar o chão"
(Cio da terra - Milton Nascimento e Chico Buarque)



"Luz do sol
Que a folha traga e traduz
Em verde novo
Em folha, em graça
Em vida, em força, em luz...

Céu azul
que venha até
Onde os pés
Tocam a terra
E a terra inspira
E exala seus azuis..."
(Luz do sol - Caetano Veloso)



"Perdoem a cara amarrada, perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço, os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo
perdoem a falta de amigos, os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas, perdoem a falta de ar
perdoem a falta de escolha, os dias eram assim

E quando passarem à limpo, e quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa, quando lavarem a alma
Quando lavarem a água, lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos digam o gosto prá mim"
(Aos nossos filhos - Ivan Lins, Vitor Martins)


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