"As Ruínas de Atenas", Opus 113, é um conjunto de peças de música incidental escrita em 1811 por Ludwig van Beethoven. A música foi escrita para acompanhar a peça de teatro de mesmo nome de autoria de August von Kotzebue, dedicada ao novo Teatro Imperial de Pest (cidade da Hungria que deu origem a Budapest, ao ser fundida com a cidade de Buda).
Provavelmente, a música mais conhecida de "As Ruínas de Atenas" é a "Marcha Turca", tema familiar mesmo às pessoas que não costumam escutar música clássica (até um certo gato famoso a conhece!). A "Marcha Turca" fala sobre uma história fictícia baseada na mitologia grega, glorificando Pest, em relação à Atenas, e exaltando o Império Austro-Húngaro.
Preocupado com a derrota nas Guerras Napoleônicas e visando conter movimentos nacionalistas na Hungria, o imperador Francisco I da Áustria encomendou a construção de um teatro. Em 1811, contratou o dramaturgo alemão August von Kotzebue e o compositor Ludwig van Beethoven para planejarem o festival solene da inauguração, que ocorreu em 1812.
A música de cena escrita por Beethoven possui características de quatro estilos: ópera; música para balé; música incidental – feita para peças teatrais, análoga ao conceito cinematográfico de trilha sonora; e música de circunstância – composta para determinados eventos, como coroações e aniversários. "As Ruínas de Atenas" não é, no entanto, uma ópera propriamente dita, pois seus diálogos são falados, como no singspiel alemão, e suas dimensões são pequenas para o gênero, mas pode ser considerada tanto música incidental – por ter sido composta especialmente para uma peça teatral – quanto música de circunstância – pois serviu para a inauguração do novo teatro.
De que fala
O libreto conta a história da deusa Minerva, que, condenada por Júpiter a dormir um sono de dois mil anos, é acordada por Mercúrio. Ao despertar, a deusa das artes encontra o Parthenon destruído e ocupado pelos turcos. Escutando a conversa de um casal grego, que lamenta a miséria de seu povo e a perda de sua capital, Minerva, desolada, busca refúgio em Pest, sabendo que lá estão as musas Tália e Melpômene – conhecidas por formarem o dualismo alegórico das máscaras alegre/triste, ícones das artes dramáticas. Em Pest, a humanidade celebrava a arte, por servir ao enobrecimento dos mortais, abrindo-lhes a mente e sensibilizando os corações. Lá, desfilando num cortejo triunfal, as musas são enaltecidas e, entre elas, por vontade de Júpiter, é colocado o busto do imperador.
Um belo exemplo de arte globalizada em plena primeira metade do século XIX... vejam só: um imperador austríaco encomenda uma música e um drama de teatro a artistas alemães para enaltecer uma cidade húngara, com pano de fundo na história e mitologia da Grécia, cuja capital Atenas havia sido invadida pelos turcos.
Finalmente, escutem agora a Marcha Turca, por Evgeny Kissin, pianista russo:
A obra completa:
Em 1847, o teatro de Pest foi totalmente destruído pelo fogo...
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