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60 anos de 64

Neste ano de 2024 assisti e escutei inúmeros vídeos e podcasts sobre a história do golpe militar de 1964 e o período de ditadura que perdurou por 21 anos em nosso país. Vi tanta coisa impressionante, incrível e emocionante que pensei em compartilhar aqui alguns dos conteúdos que vi sobre esse tema, para reforçar essa memória terrível e que nunca mais aconteça novamente.

Podcasts

Eu só disse o meu nome

Em 1973 o estudante Alexandre Vannucchi Leme foi preso pela ditadura militar e levado à sede do DOI-CODI. Em 2024, o retrato de Alexandre estampa os muros da USP e os jornais do movimento estudantil.

O que aconteceu entre a prisão de Alexandre e hoje? Como um estudante franzino de Sorocaba se tornou o símbolo de um dos piores momentos dos anos de chumbo e apontou o caminho da luta pela redemocratização?

Uma iniciativa do Instituto Vladimir Herzog produzida pela NAV Reportagens e apresentada por Camilo Vannucchi.

Vala de Perus

Em um buraco escavado nos fundos de um cemitério público, municipal, na periferia de São Paulo, foram enterrados os restos mortais de mais de mil pessoas. Eram desaparecidos políticos, militantes que faziam oposição à ditadura militar e que foram torturados até a morte na década de 70. Também foram jogados lá moradores de subúrbios, pessoas pretas, pobres e periféricas executadas pela polícia e por grupos de extermínio. Essa vala clandestina com mais de mil corpos ocultados permaneceu 14 anos em segredo, até que uma reportagem trouxe a história à tona.

A ditadura recontada

"A Ditadura Recontada” traz áudios inéditos que revelam os principais bastidores da ditadura militar brasileira, a partir do acervo de quase 300 horas de gravações históricas do jornalista Elio Gaspari. Um dos pontos altos é a gravação em que o general Ernesto Geisel admite que os presos da luta armada eram eliminados depois de capturados.

Brasil Nunca Mais

Nos últimos anos da ditadura militar, um grupo formado por advogados, pesquisadores, jornalistas e religiosos se reuniu de forma clandestina, ao longo de quase seis anos, para reproduzir e salvar 707 processos judiciais de natureza política que haviam chegado ao Superior Tribunal Militar (STM). As descobertas foram sintetizadas num livro histórico, batizado de "Brasil: Nunca Mais", a maior denúncia sobre tortura já feita no Brasil.


Vídeos

Coratio

Documentário sobre a violência de ontem e de hoje. E o fio que liga o passado ao presente é nada menos que a tortura. Três décadas depois do projeto Brasil: Nunca Mais, ainda não podemos dizer "nunca mais" para a tortura e violência do Estado.

Ano de produção: 2015.



Chumbo Quente

Série sobre a ditadura militar no Brasil produzido pelo Observatório da Imprensa.

Ano de produção: 2014.


O Apito da Panela de Pressão

Documentário de 25 minutos produzido em 1977 por iniciativa do DCE Livre da USP e DCE Livre da PUC-SP sobre a retomada das manifestações estudantis. "O filme é um painel do ressurgimento do movimento estudantil em São Paulo e mostra a primeira passeata estudantil (05.05.1977, no Viaduto do Chá) e a primeira concentração política aberta fora dos campus universitários, além de entrevistas e montagem de material fotográfico da época. Realizado rapidamente para intervir em plena efervescência dos acontecimentos, o filme foi utilizado sobretudo como instrumento político nas mobilizações estudantis de todo o país. Várias cópias foram apreendidas pela Polícia Federal e algumas sessões canceladas pela Censura." (Guia de Filmes, 68)

Ano de produção: 1977.


Caparaó

O filme retrata a primeira tentativa de luta armada contra o regime militar no Brasil pós 1964. No alto da Serra do Caparaó, divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. em agosto de 1966, um grupo formado na sua maioria por exbmilitares expurgados pelo regime, se instalou em condições precárias, na tentativa de preparar o que seria o início de uma grande reação nacional contra o novo regime.

Ano de produção: 2006.



Jango

Vinte anos depois do golpe de 1964, o documentário Jango refaz a trajetória política do presidente João Goulart, deposto nas primeiras horas do dia primeiro de abril daquele ano por uma junta militar. A partir de uma extensa pesquisa de arquivo que incorpora cinejornais da época, fotografias e manchetes de jornais, a obra percorre desde o início da carreira de João Goulart, passando pelos governos Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, até a sua morte, doze anos depois de ter deixado o país rumo ao exílio no Uruguai. 

Ano de produção: 1984.



Regime Militar

História do Brasil por Boris Fausto.


Osvaldão

Em 4 de fevereiro de 1974, Osvaldão, herói do povo brasileiro e lendário comandante das Forças Guerrilheiras do Araguaia, impulsionadas pelo então partido de orientação maoísta PCdoB, foi assassinado pela ditatura militar fascista aos 35 anos de idade, para servir de exemplo e tentar acabar de vez com o mito do guerrilheiro invencível, teve sua cabeça decepada por militares e exposta em público. 

Ano de produção: 2015.


Arqueologia no DOI-Codi: rompendo o silêncio

Produção jornalística audiovisual da Secretaria Executiva de Comunicação (SEC) da Unicamp. O filme retrata o trabalho de escavações arqueológicas realizadas em uma sede do extinto Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), local onde, estima-se, mais de 7 mil sequestrados políticos experimentaram tempos de tortura e horror. O complexo de cinco prédios, tombado em 2014 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo, funcionou de 1969 a 1983 como órgão de repressão da ditadura militar.

O vídeo exibe, em 53 minutos e 11 segundos de duração, o trabalho de busca dos pesquisadores por vestígios materiais e indícios da passagem das vítimas da repressão pelo local, como inscrições nas paredes, objetos pessoais e registros em papel, fundamentais para manter viva a memória sobre as atrocidades do regime militar.

Ano de produção: 2024.



1964: Memórias que resistem

Uma após a outra, tropas do Exército aderiram à sublevação iniciada em Juiz de Fora, na madrugada de 31 de março de 1964. O movimento teve apoio de setores conservadores da política e da sociedade, de empresários, da Igreja Católica e das Forças Armadas. Castello Branco assumiu a presidência em 15 de abril, tornando-se o primeiro dos cinco presidentes-generais. Apresentado pelo programa Caminhos da Reportagem da TV Brasil.

Ano de produção: 2024.



A história da "Casa da Morte

Um sobrado "isolado" em Petrópolis, que pertencia a alemão suspeito de ser espião nazista, era usado como centro de torturas clandestino durante regime militar. Sua história foi revelada graças a depoimento de única sobrevivente, Inês Etienne Romeu, que foi, ali, torturada, estuprada e humilhada por agentes do governo em 1971.



O Dia que Durou 21 Anos

Em ritmo de espionagem, o filme revela como o governo dos EUA patrocinou e apoiou golpe militar no Brasil em 1964, derrubando o presidente eleito João Goulart. O filme traz documentos Top Secret recentemente liberados e áudios originais da Casa Branca, Departamento de Estado e da CIA, que revela como embaixador dos EUA Lincoln Gordon planejou o golpe militar com o aval dos presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson.

Ano de produção: 2013.




Depoimento de Cláudio Guerra à Comissão Nacional da Verdade - Brasília (DF)

Em seu depoimento, Guerra afirmou que incinerou os corpos de 12 militantes políticos e que assassinou e incinerou em seguida um tenente de nome Odilon, numa "queima de arquivo determinada pelo SNI". O ex-delegado contou também que executou, a pedido do Serviço Nacional de Informações, três militantes em São Paulo, um em Recife e "dois ou três" no Rio. "Se cumprisse pena por tudo o que fiz nunca iria sair da cadeia", afirmou.

Ano de produção: 2014.


Cláudio Guerra, um matador arrependido

O Observatório da Imprensa traz uma entrevista especial com o ex-delegado do Dops Claudio Guerra, matador implacável de quase uma centena de pessoas. Na Comissão Nacional da Verdade, o ex-policial, poderoso dos anos 70 e 80, contribuiu para o esclarecimento do atentado do Riocentro e a morte da estilista Zuzu Angel em acidente de carro. Os dois com o envolvimento dos agentes de repressão do DOI-CODI do Rio de Janeiro. Em entrevista ao apresentador Alberto Dines, o hoje pastor Claudio Guerra, conta como migrou do Esquadrão da Morte para eliminação de esquerdistas em 1973, no auge da repressão política. 



Tomada Pública de Depoimentos de Agentes de Repressão: Coronel Ustra




Depoimento do coronel Paulo Malhães, ex-agente do CIE - parte 1/2

Depoimento do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, ex-agente do Centro de Informação do Exército, que atuou em diversas missões de extermínio de opositores da ditadura e também na Casa da Morte. No depoimento (em 2014), ele admite tortura, mortes, ocultações de cadáveres e mutilações de corpos.

Nesta parte, ele chama a Casa da Morte de Petrópolis de casa de conveniência e diz que objetivo da casa era tentar aliciar opositores para transformarem-se em informantes da repressão. Entretanto, ele não diz quantas vezes os agentes do CIE tiveram sucesso.




Depoimento do coronel Paulo Malhães, ex-agente do CIE - parte 2/2

Nesta parte, Malhães conta como ele e outros agentes mutilavam os corpos das vítimas assassinadas na Casa da Morte. Por volta de 14´, ele explica que as falanges eram cortadas e os dentes arrancados para impedir a identificação das vítimas.

Malhães também contou o que soube da operação para retirar o corpo de Rubens Paiva da praia do Recreio dos Bandeirantes. Ele afirmou à CNV que recebeu do chefe do CIE, Coelho Neto, a missão para tirar o corpo da praia, mas que acabou não executando a missão por "uma coincidência". Disse que a missão ocorreu para "terminar uma burrice feita".

Observação: Paulo Malhães foi assassinado tempos depois dos depoimentos. Os autores e os motivos do assassinato ainda não foram esclarecidos.


Depoimento de Fernando Henrique Cardoso

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, 83 anos, prestou depoimento (26/11/2014) à Comissão Nacional da Verdade, em São Paulo.

FHC contou aos membros da CNV José Carlos Dias e Paulo Sérgio Pinheiro e ao advogado Luís Francisco Carvalho Filho, ex-presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, sobre golpe militar, a perseguição política, a prisão decretada pela Justiça Militar, a vida no exílio, a cassação e a aposentadoria forçada da Universidade de São Paulo logo após o AI-5, as denúncias de tortura que fez a várias autoridades e o episódio em que foi obrigado a prestar depoimento ao Doi-Codi onde foi encapuçado e fichado pela repressão.




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