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Linda a última flor do Lácio!

Que bonito é ouvir o nosso idioma português... nossa língua portuguesa. Principalmente para nós brasileiros quando ouvimos o português de Portugal! Não acham? Não nos damos conta pois é o nosso idioma, falado todos os dias, ai nos acostumamos com ele, mas reparem bem quão lindo é, por exemplo escutando "Haja o que houver", quando cantada pela Teresa Salgueiro, ex-integrante do grupo português Madredeus:


Além da beleza do idioma cantado, chamo a atenção para a beleza da letra, poesia pura, simples e profundamente bela:

Haja o que houver (Pedro Ayres Magalhães)

Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti

Volta no vento ô meu amor
Volta depressa por favor
Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor...

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...

Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor

Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...


Última Flor do Lácio

No soneto “Língua Portuguesa”, o poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918) escreve no primeiro verso "Última flor do Lácio, inculta e bela”, se referindo ao idioma Português como a última língua derivada do Latim Vulgar falado no Lácio, uma região italiana.

As línguas latinas (também chamadas de românicas ou neolatinas) são aquelas que derivaram do Latim, sendo as mais faladas: Francês, Espanhol, Italiano e Português.

O termo "inculta" usado pelo poeta, se refere ao Latim Vulgar falado por soldados, camponeses e camadas populares. Era diferente do Latim Clássico, empregado pelas classes superiores. Para Olavo Bilac, a Língua Portuguesa continuava a ser "bela", mesmo sendo originada de uma linguagem popular.

Soneto "Língua Portuguesa" (Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

(Fonte: Significados.com.br)

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