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Lua de Villa-Lobos

Lobos uivam para a lua, mas também uivam lindas vozes femininas cantando a canção "Melodia Sentimental" que nasceu de Villa-Lobos certamente inspirado pela lua.

Com poema de Dora Vasconcelos, Melodia Sentimental é uma canção integrante da obra "A Floresta do Amazonas" de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), cantata composta nos anos 1950 para o filme "Green Mansions" do diretor norte-americano Mel Ferrer. Villa-Lobos foi um dos pioneiros dentre os compositores brasileiros em compor trilhas para filmes. O sucesso dessa música foi tão grande que ultrapassou os limites do ambiente de concerto e entrou no da música popular. Esta foi uma marca de Villa-Lobos: promover uma síntese entre os universos erudito e popular.

Letra:

Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que fulge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor é sonhar

Abaixo as versões que mais gosto. Não são aquelas líricas, pois não gosto desse estilo de canto. Tão lindas são a melodia e letra que não me canso de escutar várias interpretações, cada uma ao seu estilo.

Versão instrumental:


A primeira gravação com a grande Elizeth Cardoso é dos anos 60. Sua interpretação a distanciou do bel canto, forma de cantar original da canção:

"Bel canto ("belo canto" em italiano) denomina toda uma tradição vocal, técnica e interpretativa da Ópera italiana a qual originou no fim do Século XVII e alcançou seu auge no início do Século XIX durante a era da ópera de bel canto."



Zizi Possi em uma lindíssima interpretação dos anos 90:


Monica Salmaso:


Olivia Byington buscou uma reaproximação com o canto lírico:


Dusko Goykovich e sua espetacular versão! Que linda! 


Maria Bethânia, como numa cantiga de ninar que manda acordar ao mesmo tempo que induz ao sono:


Finalizando, uma versão teatral e muito especial do genial Antônio Nóbrega. Um espetáculo!


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